Thursday, January 25, 2007

Ano Novo, Farra Velha...


E nas cidades, continua a velha história das sessões extraordinárias para os senhores vereadores encherem um pouco mais os já poupudos bolsos. Exemplos? Região de Sorocaba/SP: janeiro não acabou, mas em Tatuí já foram feitas 10 sessões extras pelos senhores edis, cada um embolsando R$ 240,00 por cada uma, segundo reportagem da TV Tem (afiliada Globo). Na vizinha Itapetininga a apropriação indébita dos impostos do contribuinte também acontece: lá, até agora, foram 2 sessões extraordinárias - só que cada vereador recebe R$ 470,00 por cada uma. Detalhe: uma dessas sessões mal chegou a 10 (dez!) minutos. E sessão normal, ordinária, nela eles fazem o que, mesmo?

Soube que, em algumas cidades canadenses, foram extintos os cargos de vereadores, substituidos por administradores, profissionais com horário integral a cumprir e rigoroso regulamento a respeitar. Seria muito interessante uma inovação dessas por aqui: administradores concursados, com regulamentos rígidos e sem influência do Executivo (prefeito) sobre eles. Vereador, afinal, só serve para encher os próprios bolsos, ficar inventando nomes de ruas, distribuir títulos de cidadania e dias comemorativos, tipo Dia do Cachorro, Dia do Corinthiano, do Palmeirense, etc. Um Administrador seria um profissional bem mais sério e preparado.


PLANO DE MORADIAS POPULARES DO GOVERNO FEDERAL

Louvável a preocupação e atitude do Governo Federal, anunciando no PAC a contemplação dessa área, mas... será que alguém já parou para pensar em três coisinhas?

1. Qual será o impacto ambiental de mais e mais conjuntos habitacionais sendo criados?

2. Como fica a privacidade das famílias beneficiadas por tal plano, já que é sabido que tais conjuntos consistem de verdadeiros apertamentos, que futuramente acabarão gerando problemas de convívio e até estrutura?

3. Alguém já deu uma volta por sua cidade e reparou quantas residências estão à venda, muitas delas por anos a fio? Por que não há um plano para ocupar essas casas vazias dos municípios? Tal atenção beneficiaria aqueles sem moradia própria e os que necessitam vendê-las. Já vi ruas pequenas ou médias com até uma dúzia de casas à venda.

Monday, January 15, 2007

É Música ou Insulto?

Seria demais pedir a quem se propõe a cantar que primeiro aprenda? Em teoria, não, mas o que se vê, ou melhor, se ouve hoje em dia nas ruas, salões e na mídia desta Terra de Santa Cruz é de afetar os tímpanos - no mau sentido. Culpa de quem? Bom, claro que entre as razões de haverem fãs da grosseria de uma Tati Quebra-Barraco ou de uma choradeira/"dor de barriga" do Calypso está a chamada bagagem cultural de determinadas regiões. Mas a culpa maior provavelmente é da mídia, que faz se alastrarem feito fogo no cerrado manias regionais. É só sintonizar a TV em fins de semana numa Globo ou num SBT e vai encontrar lá, no Faustão ou no Gugu, alguma cantorinha ardida e irritante berrando que certo cara é "um tremendo vacilão" ou um Bruno & Marrone se esgoelando com voz de pato raivoso alguma música de letra piegas e ridícula, sem falar da total falta de criatividade dos arranjos instrumentais. Não é necessário que tenhamos conhecimento técnico de música para sabermos o que é bom ou ruim. Bastar não sermos surdos - em certos momentos até desejaríamos ser.

Outras emissoras de televisão também têm culpa (e muita) dessa pobreza insultante aos ouvidos de mais refinamento ou sensibilidade. É só dar uma passadinha (bem rápida, de preferência) naquele programa da Bandeirantes, do tal do Leão Gilberto Barros, e você terá o (des)prazer de ver algum grupo pagodeiro sorridente (um cantando na frente, meia-dúzia balançando atrás) achando que está abafando com suas canções de uma nota só cujas letras se esgotam lá pelo meio da música e partem então para um "lá-lá-iá-lá-lá" interminável. Mas infelizmente tem quem goste! Frutos da lavagem cerebral imposta pelas estações de rádio e TV? A propósito, como é difícil encontrar uma rádio que toque boas opções! Para cada rádio voltada ao rock existem umas cinco dedicadas ao sertanojo; para cada estação que atenta para uma programação suave e de MPB, há outra meia-dúzia de rádios funk/pagode/axé e outras tantas de black music americana rasteira ou dance bate-estaca aflitivamente repetitiva. Tente então procurar no dial uma rádio de jazz ou clássicos...

Parece que é mais fácil gravar (mnemonicamente falando) coisas cantadas por uma Kelly Key do que um bom rock do Capital Inicial ou Los Hermanos ou algum renomado da MPB como Caetano Veloso ou Ana Carolina. É tanta baboseira entulhando nossos ouvidos que acabamos dando graças quando um grupo como os - chatinhos para os adultos - Rebeldes - que pelo menos têm letras inofensivas e cantores até aceitáveis - toma conta da mídia e dos aparelhos de som dos vizinhos tirando o lugar de Kelly Key e suas letras berradas estilo "Patricinha que se acha a tal", de Latino e suas versões horríveis para canções estrangeiras horríveis, ou de Joelma (Calypso) e sua choradeira confundida com (má) cantoria.

Diz a história que Napoleão, certa vez, disse que religião é bom para manter o povo quieto e ignorante. O mesmo poderia se dizer hoje em dia, em relação à música. Especificamente: à música de má qualidade. Eu aconselharia, se me pedissem uma opção, a desligar a TV e o rádio e abrir um bom livro - mas quem consegue ler com o barulho vindo do vizinho?

Monday, January 01, 2007

Cinema - Melhores de 2006

Independente de premiação, Oscar ou o que pensam os "críticos especializados", estes foram os filmes que mais me agradaram nas telas dos cinemas em 2006:


1. V de Vingança
Caprichada produção dos irmãos Wachowski (Matrix) baseada na graphic novel de mesmo título. Ação constante, ótimos diálogos, inspirados movimentos de câmera, a poderosa voz de Hugo Weaving e uma Natalie Portman calva emolduram uma trama de subversão e anarquia.

2. Marcas da Violência
Talvez o melhor filme de David Cronenberg. Não tem as bizarrices de costume do diretor canadense, mas a violência crua da realista história de um homem (Viggo Mortensen) que protege sua família de seu passado que vem à tona impressiona.

3. O Grande Truque
Ótimo suspense do diretor de Batman Begins: nada é o que parece ser no embate entre dois ilusionistas (Christian Bale e Hugh Jackman) para provar quem é o melhor.


4. Os Sem-Floresta
Os animais se vêem cercados pela gana consumista humana - e alguns até gostam disso nesta divertida animação da Dreamworks, que ainda trata de temas como amizade e lealdade; injustamente criticada por alguns (poucos) mau-humorados.

5. Terror em Silent Hill
Uma das boas surpresas do ano esta adaptação do famoso jogo pelo diretor de Pacto dos Lobos (Christophe Gans), inclusive com final que dá o que falar.

6. O Jardineiro Fiel
O nosso Fernando Meirelles dirige um drama com elenco internacional e tema marcante: a exploração de cobaias humanas na miséria de um país africano.


7. Wolf Creek - Viagem ao Inferno
Suspense australiano realista e chocante, baseado em história real. Dividido em duas partes distintas, na primeira metade o diretor consegue criar toda uma simpatia e envolvimento com o trio de jovens mochileiros. Na segunda, os três são mergulhados num verdadeiro inferno de violência e tortura, vítimas de um caçador de humanos. O impacto é muito forte.

8. Superman - O Retorno
Brian Singer resgata o espírito dos dois clássicos de Richard Donner nos anos 1970. Diversão pura e nostalgia, com efeitos especiais do século 21.

9. O Albergue
A exemplo de Wolf Creek, um mergulho no inferno, com o filme dividido em duas partes distintas (embora os personagens não despertem tanto a empatia do público...). Eli Roth consegue momentos de suspense dignos de Brian De Palma em suas melhores obras. Acredite: o forte de Hostel é seu ritmo alucinado (da segunda parte do filme), mais que a sanguinolência cavalar.

10. X-Men - O Confronto Final
Show de efeitos, questionamento social (preconceito), personagens marcantes (Wolverine e Phoenix/Jean Gray sobressaem-se muito) e um confronto de proporções gigantescas. O melhor da trilogia, sem dúvida.