Monday, January 15, 2007

É Música ou Insulto?

Seria demais pedir a quem se propõe a cantar que primeiro aprenda? Em teoria, não, mas o que se vê, ou melhor, se ouve hoje em dia nas ruas, salões e na mídia desta Terra de Santa Cruz é de afetar os tímpanos - no mau sentido. Culpa de quem? Bom, claro que entre as razões de haverem fãs da grosseria de uma Tati Quebra-Barraco ou de uma choradeira/"dor de barriga" do Calypso está a chamada bagagem cultural de determinadas regiões. Mas a culpa maior provavelmente é da mídia, que faz se alastrarem feito fogo no cerrado manias regionais. É só sintonizar a TV em fins de semana numa Globo ou num SBT e vai encontrar lá, no Faustão ou no Gugu, alguma cantorinha ardida e irritante berrando que certo cara é "um tremendo vacilão" ou um Bruno & Marrone se esgoelando com voz de pato raivoso alguma música de letra piegas e ridícula, sem falar da total falta de criatividade dos arranjos instrumentais. Não é necessário que tenhamos conhecimento técnico de música para sabermos o que é bom ou ruim. Bastar não sermos surdos - em certos momentos até desejaríamos ser.

Outras emissoras de televisão também têm culpa (e muita) dessa pobreza insultante aos ouvidos de mais refinamento ou sensibilidade. É só dar uma passadinha (bem rápida, de preferência) naquele programa da Bandeirantes, do tal do Leão Gilberto Barros, e você terá o (des)prazer de ver algum grupo pagodeiro sorridente (um cantando na frente, meia-dúzia balançando atrás) achando que está abafando com suas canções de uma nota só cujas letras se esgotam lá pelo meio da música e partem então para um "lá-lá-iá-lá-lá" interminável. Mas infelizmente tem quem goste! Frutos da lavagem cerebral imposta pelas estações de rádio e TV? A propósito, como é difícil encontrar uma rádio que toque boas opções! Para cada rádio voltada ao rock existem umas cinco dedicadas ao sertanojo; para cada estação que atenta para uma programação suave e de MPB, há outra meia-dúzia de rádios funk/pagode/axé e outras tantas de black music americana rasteira ou dance bate-estaca aflitivamente repetitiva. Tente então procurar no dial uma rádio de jazz ou clássicos...

Parece que é mais fácil gravar (mnemonicamente falando) coisas cantadas por uma Kelly Key do que um bom rock do Capital Inicial ou Los Hermanos ou algum renomado da MPB como Caetano Veloso ou Ana Carolina. É tanta baboseira entulhando nossos ouvidos que acabamos dando graças quando um grupo como os - chatinhos para os adultos - Rebeldes - que pelo menos têm letras inofensivas e cantores até aceitáveis - toma conta da mídia e dos aparelhos de som dos vizinhos tirando o lugar de Kelly Key e suas letras berradas estilo "Patricinha que se acha a tal", de Latino e suas versões horríveis para canções estrangeiras horríveis, ou de Joelma (Calypso) e sua choradeira confundida com (má) cantoria.

Diz a história que Napoleão, certa vez, disse que religião é bom para manter o povo quieto e ignorante. O mesmo poderia se dizer hoje em dia, em relação à música. Especificamente: à música de má qualidade. Eu aconselharia, se me pedissem uma opção, a desligar a TV e o rádio e abrir um bom livro - mas quem consegue ler com o barulho vindo do vizinho?

1 Comments:

Blogger R.Jota Produções LTDA. said...

É meu caro, ainda faltou outras aberrações na sua crítica, como Felipe Dilon, Perla do funk e outros fanfarrões que não merecem ser aqui citados...

8:03 AM  

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