Saturday, June 30, 2007

Achados e Perdidos

Uma certa revista, até há algum tempo atrás, tinha uma coluna chamada "5 luxos e 1 lixo". Inspirado nela, crio a minha para comentar sobre alguns filmes vistos recentemente. Mas a minha recebe a alcunha 4 Achados e 1 Perdido. Os gêneros de hoje são terror e suspense.


4 Achados

Intacto (2001)


Suspense espanhol de Juan Carlos Fresnadillo, que dirigiu o recente Extermínio 2. Envolvente história sobre alguns indivíduos que parecem não só serem perseguidos pela sorte, mas também têm o dom de a roubar dos outros. Tomas (Leonardo Sbaraglia) , único sobrevivente de um acidente de avião aparentemente impossível de se escapar, é convocado por Federico (Eusebio Poncella) para vingar-se do ex-patrão, o rico dono de cassino Samuel (Max Von Sydow), um sobrevivente ao Holocausto cuja sorte e dom de tirá-la dos outros rivaliza-se com Tomas num jogo de conseqüências mortais. No encalço de Tomas, ladrão nas horas vagas, ainda está uma policial igualmente agraciada por absurdos lances do destino. História envolvente, diferente (a semelhança com Corpo Fechado, de Shyamalan, limita-se ao fato do personagem ser o único a sair intacto de um desastre de grandes proporções) e com elenco irrepreensível.


Os Selvagens (Wilderness, 2006)
Suspense inglês com momentos bastante violentos, dirigido por Michael J. Bassett. É sobre grupo de jovens delinqüentes que, como punição pela morte de colega dentro da instituição onde são internos, são obrigados a passar temporada em treino de sobrevivência numa ilha aparentemente deserta. Lá, também há um grupo de garotas, também delinqüentes, na mesma situação. Logo, alguém usando várias armas (inclusive arco e flecha e cães treinados) começa a despachar os integrantes dos grupos, um a um. Entre várias cenas sangrentas, destaque para o primeiro ataque dos cães, uma perna arrancada numa armadilha e uma briga com facas. Filme bastante tenso e com tratamento bem mais interessante dado ao adolescentes problemáticos, longe dos estereótipos e besteiróis americanos. O rebelde e silencioso personagem principal é o destaque. Curioso também o personagem da instrutora de Alex Reid: seu fim é bem ao estilo do que lhe foi reservado em Abismo do Medo. Azarada, a moça...



Mutilados (Severance, 2006)

Outro suspense inglês sanguinário - só que agora recheado de humor negro. Um filme que acaba bastante prejudicado pelo cartaz apelativo que faz você ficar esperando uma imitação de Jogos Mortais (Saw). Multinacional do ramo de armamentos presenteia uma equipe de vendas com dinâmica de grupo nas montanhas no Leste Europeu. Logo aparecerá quem os eliminará um a um. O diretor Cristopher Smith parece querer fazer uma crítica irônica à indústria bélica. O humor é meio estranho em meio a tanta violência - ou não, posto que às vezes ele surge nos momentos mais aflitivos. O grande achado é quanto à expectativa de quem sobrevive no final: o roteiro cria empatia justo para os personagens que menos se espera. Talvez o público mais jovem não entenda as ironias. Mas não é bem um filme para o público jovem. Em alguns aspectos lembra O Albergue.



A Arte do Demônio (2005)


Bela professora sofre com magia negra, recurso usado por vários homens de sua comunidade na tentativa de conquistá-la. Anos mais tarde, grupo de alunos vai ao encontro da agora ex-professora, reclusa no meio da selva. A Arte do Demônio é mais um exemplar de terror vindo da Tailândia, de onde chegaram The Eye - A Herança e Espíritos (Shutter). Dirigido por Kongkiat Khomsiri e Pasith Buranajan, o filme prima surpreendentemente, entre outros aspectos, pelos efeitos especiais e de maquiagem: o começo aflitivo mostra um sujeito passando por dores terríveis, já que anzóis (!) brotam por todo o seu corpo. Mais adiante ainda haverá outra cena com lagartos sendo expelidos pelo corpo de outro infeliz - isso, sem falar num desgraçado que tem seu corpo queimado com um maçarico, após ser paralisado com algum tipo de droga. É um filme que realmente está a um passo de ser considerado integrante do chamado cinema extremo asiático, e com direito a um final bastante surpreendente. Quanto à trama, é uma história de vingança com muito vodu, paixões egoístas e várias podridões do caráter humano. Recomendado - mas fica o aviso que o prato é forte.




1 Perdido


Trem Fantasma (Dark Ride, 2006)


Depois de vermos espanhóis, ingleses e tailandeses fazerem bonito, eis que os endinheirados americanos mais uma vez nos decepcionam com um tremendo abacaxi. Este Dark Ride até se pretendia um novo Pague Para Entrar, Reze Para Sair, cultuado slasher de Tobe Hooper do começo dos anos 1980. Só que Trem Fantasma é uma decepção total. Ruim em qualquer quesito imaginável. Elenco jovem ruim e careteiro, poucas mortes (apenas uma dela é digna de um Sexta-Feira 13, por exemplo), muitas delas off screen, história tosca, batidíssima, ou seja: grupo de estudantes resolve parar num parque que está para reabrir muitos anos após tragédia onde se descobriu que maníaco fez várias vítimas no local. Claro que, justo nesse momento, o louco foge do sanatório e vai pra onde? Nem pergunte como o doido assassino - mais um caladão que gosta de máscaras - chega lá. Nem se preocupe com os jovens: você vai querer que eles morram bem rápido, mesmo. Um final-surpresa que você já manja lá pelos vinte minutos de filme é a cereja do bolo... Tá aí uma boa sugestão: vai alugar Trem Fantasma? Olha que uma boa fatia de bolo é uma grana melhor investida.