Sunday, September 16, 2007

Possuídos



Antes de mais nada, não confundir este filme com aquele protagonizado por Denzel Washington (Fallen, 1993, de Gregory Hoblit) onde seu personagem perseguia e era perseguido por um espírito maligno que "pulava" de corpo em corpo pelo simples toque.

Possuídos (Bug) não trai sua origem teatral, é passado quase que 100% em um único cenário - um apartamento de motel numa região desértica e tem não mais que cinco personagens. O título brasileiro dá uma falsa idéia, fazendo crer que o tema seja exorcismo, satanismo e afins - idéia ainda mais reforçada quando se leva em conta que o diretor é o veterano diretor de O Exorcista, Willian Friedkin. Não é bem por aí. Há realmente um elemento de possessão na trama, mas esta resvala mais na conspiração estilo Arquivo X.

Peter (Michael Shannon) é um veterano da guerra do Golfo que, através de R.C. (Lynn Collins), conhece a garçonete Agnes (Ashley Judd), que ainda sofre com o desaparecimento do filho há vários anos e a ameaçadora volta de Gross (Harry Conick Jr.), ex-marido recém-saído da prisão e que ela acredita ser o responsável por telefonemas misteriosos e insistentes. Agnes mora num motel decadente à beira de uma estrada. Sofre com solidão. Peter sofre com uma obsessão: insetos - daí o título original Bug. Peter também se mostra capaz de saber se alguém está mentindo. Logo estão envolvidos intimamente e a frágil Agnes compartilha a obsessão (e a doença?) de Peter.

Possuídos é, como já disse, um filme essencialmente teatral, econômico nos efeitos e desenvolvido à base dos diálogos e também monólogos e que propiciou uma atuação elogiada - e talvez a melhor da carreira - de Ashley Judd. A fotografia escura também proporciona tensão à trama. Há erotismo bem filmado. Insetos que mal se vê mas fazem grande estrago - mais físico ou psicológico? Um filme adulto que o público mais jovem deverá odiar - mesmo eu, adulto já há muito tempo, fiquei meio naquela de "o quê?" com o final. Dá-se a impressão de que se esperava mais de uma história tão rica em possibilidades. Mas é um quebra-cabeças inteligente, deve se prestar atenção aos detalhes, juntar as dicas que saem das bocas (e gestos) dos personagens. Pode ser visto como uma ficção conspiratória (um X-Files), um terror psicológico ou até um teatro filmado. Goste-se ou não, Bug faz pensar - o que já é um grande feito para qualquer filme.

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