Sunday, September 04, 2011

Capitalismo Demais

Foi-se, há muito, o tempo dos "comunistas comedores de criancinhas", embora pensem diferente os Olavos de Carvalho da vida e suas ideias troglodíticas pra reaças modinhas dar risinhos de satisfação. O monstro, agora, é outro. Extremamente voraz, nem a maior economia do mundo escapou de sua sanha, de sua fome infindável. O Capitalismo exacerbado e seu filho Lucro a qualquer custo tornam qualquer vizinho um inimigo a ser batido. O Lucro a Qualquer Custo não tem barreiras, não tem fronteiras. Adentra casas, adentra congressos, adentra até igrejas - onde o negócio acaba sendo mais vantajoso porque está imune ao Sr. Imposto - assim como os bancos!


Não, Marx não é mais uma ameaça. Um pouco de O Capital misturado a Ford, quem sabe, levaria a um equilíbrio muito bem vindo. É irônico ver tantos trabalhadores, hoje em dia, defendendo o Capitalismo com unhas e dentes, tratando o Comunismo e o Socialismo como aberrações, embora vejamos que a tendência na América do Sul é bem de freiar o Capitalismo - vide Chavez, Morales e outros.


Enquanto bancos e bolsas de valores ditarem as regras do consumismo e da distribuição de renda, será difícil - utópico, praticamente - falar em equilíbrio. Continuarão uns poucos faturando milhões (às custas do trabalho alheio) e a grande maioria sobrevivendo. Viver é para poucos.

Wednesday, April 27, 2011

Cansaço

Queria um tempo para descansar. Descansar a cabeça, descansar o corpo. Parece que nesses tempos até o entretenimento cansa - se é que há tempo para o entretenimento. Vejo as dezenas de livros na estante e o desânimo me toma só de pensar que não tenho tempo para eles; aprecio as centenas de DVDs da minha estimada coleção e busco duas horinhas livre no dia para assistir a um filminho que seja...

Hoje só tenho tempo para a estrada, para o trabalho no fim dessa estrada; para a escrivaninha e para os livros sobre o tampo desta. Falta tempo para ser pai, para ser marido, para ser filho, irmão. Para brincar os cachorros. Bom seria se o dia tivesse umas trinta horas... desde que essas horas a mais não fossem preenchidas pelo serviço ou livros didáticos.

Queria um tempo extra para dar mais atenção a esse meu blog, coitado, meio que jogado às traças; queria resenhar os livros que li, criticar os filmes que vi, os álbuns que ouvi. Mas, enfim, fico enjoado de tantos 'ia', 'ia' , 'ia'- com os cumprimento da falta de tempo. Preciso disciplina para planejar meu tempo. Disciplina para que o tempo não planeje minha vida - e a entregue de bandeja ao cansaço.

Tuesday, February 15, 2011

O Céu em Camadas


Essa imagem aí acima é de (mais) um loteamento em minha querida cidade, Sorocaba. Foto tirada por volta de umas oito horas da manhã. Parece que o céu, quanto mais baixo, vai ficando mais vermelho (ou será laranja? Cinza? Marrom?...). Ao fundo, quase nem se vê o morro Ipanema, onde funciona a Flona - a reserva da Floresta Nacional de Ipanema - ou, popularmente, Fazenda Ipanema. Parece um mundo à parte, um lugar escondido na vizinha Iperó e atrás do véu de poluição que, cada vez mais, cobre a próspera Manchester Paulista. É (a Floresta) uma ótima opção para um fim de semana com a família, não só pelo morro e pela vegetação - e há inclusive um lago -, mas pelo aspecto histórico: por lá funcionou, até 1895, a Real Fábrica de Ferro São João do Ipanema.




Outro Aspecto do Céu

Paredão? Tsunami? Tirei essa foto em fins de 2010. A muralha de nuvens cercou Sorocaba em fins de uma tarde qualquer. Curioso é que mal choveu. Fica registrado o efeito curioso. Meio assustador, mas bem melhor que a faixa de poeira que praticamente tornou invisível o Morro Ipanema.






Labels: , , ,

Monday, September 27, 2010

Difamação Ganha Voto?

Estas eleições, ao que parece, estão batendo todos os recordes de baixeza, mentira, calúnia e afins, inclusive com "notícias" perpetradas por uma mídia de rabo preso, que se acha e age feito verdadeiro partido (oposicionista) político. Estas desmitificações abaixo coletei na comunidade do orkut Apoiamos Lula AGORA É DILMA PT:

A morte de Mário Kosel Filho http://migre.me/1pfAb
A Ficha Falsa de Dilma Rousseff na ditadura http://migre.me/1pfCc
O porteiro que desistiu de trabalhar para receber o Bolsa-Família http://migre.me/1pfEJ
Marília Gabriela desmente email falso http://migre.me/1pfSW
Dilma não pode entrar nos Estados Unidos http://migre.me/1pfTX
Foto de Dilma ao lado de um fuzíl é uma montagem barata http://migre.me/1pfWn 
Lula/Dilma sucatearam a classe média (B) em 8 anos http://migre.me/1pfYg
Email de Dora Kramer sobre Arnaldo Jabor é montagem http://migre.me/1pfZH
Matéria sobre Dilma em jornais canadenses é falsa http://migre.me/1pg1t
Declarações de Dilma sobre Jesus Cristo – mais um email falso http://migre.me/1pg2F
Fraude nas urnas com chip chinês – falsidade que beira o ridículo http://migre.me/1pg58
Vídeo de Hugo Chaves pedindo votos a Dilma é falso http://migre.me/1pg6c

Todos os e-mails falsos sobre Dilma Rousseff:
http://www.sejaditaverdade.net/blog2/?p=2091

"A promotoria eleitoral acolheu a representação do PT e ofereceu denúncia pelos crimes de difamação e de calúnia ao Juiz Eleitoral da 111ª Zona de Porto Alegre contra o candidato do PSDB. 
Leia na íntegra a denúncia do MP
-
http://www.pt.org.br/portalpt/dados/bancoimg/100927173959DENUNCIA_MP_-_POA_-_contra_Serra.pdf 
-
http://esquerdopata.blogspot.com/2010/09/ministerio-publico-denuncia-serra-por.html "
-


E há de se perguntar: onde ficaram as propostas dessa oposição? 

Sunday, September 12, 2010

Conto

Torta de Tijolo

Quando a pedra rolou telhado abaixo e mergulhou na torta que D. Felícia levava pela calçada, todas as testemunhas lamentaram. Todos sabiam da categoria da confeiteira. E ver umas das suas tortas destruída assim era como se testemunhassem um verdadeiro assassinato.
- Quem jogou a pedra? - alguém perguntou, exaltado.
- É, quem foi o criminoso?
Todos olharam para cima. A janela do primeiro andar - era um sobrado - do edifício por onde D. Felícia estava passando encontrava-se fechada. Só podia ter vindo de lá, presumiram, sem sequer cogitar que ela podia ter rolado do telhado. A janela se abriu. Gumercindo, ancião célebre pelo mau humor, assomou à mesma.
- Que balbúrdia é essa aí embaixo?
- Mas tinha que ser, mesmo... Olha só pra D. Felícia toda respingada de torta de...
Esmeraldo passou o dedo no que sobrou da torta nas mãos da confeiteira e levou-o à boca.
- Olha só o que sobrou da torta de morango da D. Felícia, seu Gumer! Pra que fazer isso?
- Fazer isso o quê? E Gumer é a vovozinha, viu, seu maroto!
Bateu a janela depois de voltar para dentro do cômodo, contrariado. Se não foi ele, quem foi, então? Era o que todos indagavam. A pedra não poderia ter caído do céu... Poderia? Além do que, a dita era do tamanho de uma laranja!
Quanto a Felícia, depois de instantes de paralisia, com expressão aflita e atônita, começou a limpar o avental com um guardanapo que trazia no bolso. Limpou também braços, pescoço e rosto, ao ritmo de "ais" e "uis", gemidos de desolação.
- Não esquenta, não, D. Felícia.
- Como não, Esmeraldo? Era encomenda!
Esmeraldo segurou o que restava da torta - com a pedra cravada bem no meio - para a pobre mulher acabar de se limpar.
- Vai jogar fora?
- E o que mais eu poderia fazer?
Esmeraldo ainda cismava que aquilo era obra do Gumercindo e expressou sua suspeita à confeiteira, enquanto ela já tomava o caminho de volta para casa.
- Você a joga fora para mim?
- Pode deixar.
Enquanto a mulher se afastava, tentando ainda manter a cabeça erguida para não se mostrar ferida em seu ânimo, Esmeraldo comia as bordas ainda intactas da guloseima. Só quando deu por satisfeita sua gula é que prestou atenção ao pedregulho no meio do prato. “De onde teria vindo?”, pensou. Matutou, coçou a cabeça... Só podia ter sido obra do velho Gumercindo, quem mais poderia ser? O aposentado já tinha "ficha corrida" no bairro: brigara com o dono do bar por causa de três centavos de troco que o comerciante lhe ficara devendo; já se desentendera com a Aurora, dona da quitanda - chegou a atirar um tomate na mesma - e quase chegara às vias de fato com o Arnaldo, da barbearia, em virtude de um fiado que o barbeiro não aceitou...
O jovem Esmeraldo parou à soleira e tocou a campainha. Duas vezes. Três. Na quarta ouviu os resmungos do velho Gumer vindo atender à porta.
- Não sou surdo, eh, pára de tocar isso aí!
- Senhor Gumer, precisamos conversar.
- Do que você me chamou? - o olhar fuzilante do aposentado intimidou o rapaz.
- Desculpe... Senhor Gumercindo.
- O que você quer?
A pergunta vociferada pelo velho foi o suficiente para o menino Esmeraldo empacar, perder a voz e, após um longo silêncio, gaguejar algumas sílabas.
- A pe-pe-pe...
- Quem?
- A pe-pedra...
- Que tem a pedra, rapaz?
- Que c-caiu na to-torta da dona Fe-fe-lícia.
- Deu para gaguejar agora, é? Não era você o bom de papo da rua? E o que tenho eu a ver com a pedra que "c-caiu na to-torta da dona Fe-fe-lícia"?
Irritado com o deboche, Esmeraldo recompôs-se e falou alto e reto:
- Foi o senhor que jogou, não foi?
- E eu tenho lá motivo para fazer isso? - respondeu Gumercindo após fitar Esmeraldo por segundos que pareceram horas ao rapaz, e já ia fechando a porta em sua cara, quando o jovem o impediu com uma das mãos.
- Quem foi, então?
Nisso estavam os dois quando irrompeu outra pedra do telhado do aposentado, quase acertando, mas por muito pouco mesmo, não atingindo Esmeraldo, que até sentiu o deslocamento de ar causado pela queda.
- Vai dizer que essa também fui eu?
- Mas então...
Esmeraldo atravessou a rua, indo para a outra calçada tentar enxergar quem ou qual era a causa das pedras que caíam. O sol batia naquela direção e o jovem teve de proteger os olhos com as mãos em cunha na altura das sobrancelhas. Pareceu-lhe ver um vulto no telhado, talvez gente, talvez bicho. Gumercindo também veio ver o que era.
- Tem alguém no telhado do senhor.
Gumercindo olhou para cima, protegeu os olhos dos raios solares e forçou a vista.
- Tem algum bicho lá em cima?
- Não que eu saiba.
Com um gesto da mão, Gumercindo pediu que Esmeraldo o seguisse e entraram na casa. Subiram para o andar de cima e, após o velho puxar uma escada, penetraram no alçapão. Removeram algumas telhas e colocaram a cabeça para fora. Outra pedra rolou. Passou do lado de ambos, vinda do ponto mais alto do telhado. Antes que virassem para ver onde vinha, dois gravetos compridos e articulados correram na mesma direção do pedregulho.
- Ora, mas vejam só!
Esmeraldo compartilhou do espanto do velho Gumer ao testemunhar a ave pernalta correndo telhado abaixo, tentando agarrar a pedra com o bico.
- Ei, o que é isso? - gritou alguém lá embaixo - sinal de que o pássaro não fora feliz no seu intento de agarrar a pedra.
Nesse ínterim, notaram que vinha outro daqueles pássaros voando rumo ao pico do telhado, onde havia algo que parecia ser uma chaminé mal acabada.
- São... cegonhas?
- É o que parecem ser, rapaz.
Eram cegonhas, preocupadas a fazer o ninho na chaminé sem uso. As pedras, na verdade, soltavam-se com o movimento dos pássaros na precária construção. O que era de se admirar, na verdade, era o desespero dos bípedes para evitar que as pedras caíssem do telhado, como se receosos de que acabassem por ferir alguém. Seria mais plausível imaginar que estavam interessados em proteger o ninho e a si mesmos. Mas... quem sabe.
Saindo para o telhado, Esmeraldo concluiu que seria de bom grado arrumar alguns pedaços de tijolos soltos que perigavam rolar pelo telhado e principiou a escalar a construção.
- Esses bichos vão te bicar!
Mas Esmeraldo não cessou a escalada, confiante que animais que, aparentemente, preocupavam-se com tijolos que despencavam do telhado também seriam capazes de distinguir pessoas com boas intenções.
A cegonha que correra atrás da pedra agora voava ao lado de Esmeraldo, mantendo distância suficiente para não oferecer risco ao rapaz. Esmeraldo notou tal atitude e surpreendeu-se. Chegou, por fim, ao topo. Pôde notar que mamãe cegonha estava aninhada sobre um único e precioso ovo.
- Só tem um ovo!
- Dá pra arrumar os tijolos?
Esmeraldo respondeu que sim e, com cuidado, lentamente para não espantar a ave, arrumou alguns pedaços de tijolo que estavam se soltando da chaminé, colocando-os de forma a dar mais proteção ao ninho.
- Acho que agora está legal. - disse Esmeraldo, descendo de volta até o buraco no telhado. Junto com Gumercindo repôs as telhas e voltaram ao térreo. Ficaram na entrada da casa à espera de alguma nova queda de pedra. Ali permaneceram por um bom tempo e nada ocorreu. Foi tempo suficiente para enredarem uma conversa sobre pássaros, a Natureza, vizinhança, construções mal acabadas e tudo mais.
Algumas semanas depois estavam de volta ao telhado, observando à distância a família de cegonhas que acabara de aumentar. Esmeraldo aproximou-se cuidadosamente, escalando o telhado de forma a evitar qualquer ruído e qualquer deslize. Pôde ver bem de perto o bebê-cegonha.
- Que maravilha, Seu Gumercindo! É mesmo incrível essa Natureza.
Gumercindo resmungou, chiou e criou coragem para, apesar da idade, rumar telhado acima.
- Se você pode, eu também posso.
- Tenha cuidado. E faça silêncio.
E ele até fez. Só que, ao chegar à chaminé, distraiu-se embevecido que ficou com a graça de mamãe e bebê-cegonha e pisou em falso. Teve que segurar-se na beira da chaminé para não cair para trás, no que Esmeraldo também ajudou. Porém nenhum dos dois foi capaz de segurar um fragmento que desprendeu-se e rolou telhado abaixo, despencando rumo ao chão.
Lá na calçada, defronte à casa de Gumercindo, passava D. Felícia levando outra de suas deliciosas tortas de morango.

Sunday, March 28, 2010

Ovos de Páscoa - Que formato caro!

Só a título de comparação, sem citar marcas:

- preço médio de uma caixa de bombons de 400g: R$ 7,00
- preço médio de ovo de páscoa 395g: R$ 24,00


- preço médio de uma barra de chocolate de 170g: R$ 4,00
- preço médio de um ovo de páscoa de 170g: R$ 18,00


Tudo bem, compra quem quer (apesar do apelo dos produtos junto às crianças...), mas é incrível como a forma da moldagem do chocolate o encarece, até mais que quadruplicando o produto. A forma oval, sempre em alta, nesta época, embora o sabor seja o mesmo da tradicional barra. Vejo um claro caso que requer intervenção do Procon. Essa exploração do formato é mesmo de amargar.

Thursday, December 24, 2009

Melhor Filme do Ano nas Telonas: Distrito 9



Distrito 9. Estamos na véspera de Natal e acredito que não verei melhor filme nos cinemas neste ano. Ainda não vi Avatar. Acabarei deixando para o ano que vem. Só para a ficção de James Cameron não tirar (se é que pode...) o título daquela sensacional produção sul-africana produzida por Peter Jackson e que revelou ao mundo o talentoso diretor Neil Blomkamp e o sensacional ator Sharlto Copley (que faz Wikus Van De Merwe, um tipo de oficial de justiça encarregado de desalojar os alienígenas de seu gueto nas proximidades de Johanesburgo), capaz de fazer com que torçamos por um personagem inicialmente vil mas que aos poucos mostra sua humanidade - ironicamente, já que vai gradativamente trocando sua humanidade (física) pela alíenígena.

Produção não tão cara, mas logo se vê a mão de Peter Jackson. Ontem, mesmo, me vi fisgado pela exibição de seu King Kong no Telecine Action. Ninguém, mas ninguém, mesmo, faz uso de CGI como Jackson. Talvez Spielberg - mas daí lembramos da pouco convincente cena da corrida beirando o abismo no último Indiana Jones... Os efeitos em D9 são tão convincentes, tão inteirados ao ambiente quanto os do filme do gorilão ou os da trilogia Senhor dos Anéis. A trilha incidental, a fotografia suja e o som límpido completam o pacote.

Além de todo esse esmero visual e sonoro, Distrito 9 ainda se dá ao luxo de ter um roteiro que inclui, com propriedade, temas como preconceito (alegoria escancarada do apartheid), armamentismo e ganância. Que outro filme conseguiu uma mescla dessas em 2009?

O site oficial: http://www.sonypictures.com.br/Sony/HotSites/Br/district9/


Labels: , , , , , ,